Erroneamente tomados por uma seita muçulmana, os sufis sentem-se à
vontade em todas as religiões, abrem diante de si, qualquer livro sagrado - seja a Bíblia, seja o
Corão, seja a Torá - aceito pelo Estado temporal. Se chamam ao islamismo a
"casca" do sufismo, é porque o sufismo, para eles, constitui o ensino
secreto dentro de todas as religiões.
Tampouco são os sufis uma seita, visto
que não acatam nenhum dogma religioso, por mais insignificante que seja, nem se
utilizam de nenhum local regular de culto. Não têm nenhuma cidade sagrada,
nenhuma organização monástica, nenhum instrumento religioso. Não gostam sequer
que lhes atribuam alguma designação genérica que possa constrangê-los à
conformidade doutrinária. "Sufi" não passa
de um apelido, como "quacre", que
eles aceitam com bom humor. Referem-se a si mesmos como "nós amigos" ou "gente como nós",
e reconhecem-se uns aos outros por certos talentos, hábitos ou qualidades de
pensamento naturais. As escolas sufistas reuniram-se, com efeito, à volta de
professores particulares, mas não há graduação, e elas existem apenas para a
conveniência dos que trabalham com a intenção de aprimorar os estudos pela
estreita associação com outros sufis...